Minha vida de europeia - cap.3 - ROMA

Seguindo a saga, pós pós (com perdão pelo trocadilho), passemos ao último mês. Fantasia de tartaruga, lá fomos eu, minha mochila e minha câmera companheira a rodar Europa adentro (dentro do que o visto permitia). Durante a viagem, quando não tinha com quem conversar (algo muito comum no início), eu contava as coisas pro meu caderninho. Passo a vocês (e a mim tb, afinal vai saber qdo vou ter meu caderninho em mãos novamente).

Roma - 05 a 10 de agosto de 2008
----------
ROMA - 06/08/2008
Se Milão é Madrid, Roma COM CERTEZA é Barcelona. Em tudo: no ar de cultura por todas as partes, pelo convite a andar de um monumento a outro (que é perto mas é longe), pelos parques (não tantos, mas presentes), e pelos milhares de turistas.
Como haviam me dito, é suja, sim. E o mito de "dirigir em Roma"... NÃO É MITO, ser atropelado aqui é quase certo (ou pelo menos levar uns bons sustos), é uma loucura. Sobre os monumentos, as fotos dizem mais do que minhas palavras podem descrever, apesar de não captarem a magnitude real.
E o calor... Esses nem as fotos conseguem passar a ideia, apesar de meu cabelo preso como está pode fazer entender. LEMBREM-SE: se puderem fugir de Roma em agosto, FUJAM.

SOLIDÃO - 08/08/2008
Viajar sozinha é complicado... Por um lado, você faz o que tem vontade, o que é ótimo; por outro, não tem ninguém com quem compartilhar... No quarto no hostel, todas estão em duplas, talvez por isso que, hoje, tenha me sentido tão só. A quem pergunte, sobre o hostel: não sei se são todos assim, mas eu mereço coisa muito melhor. É um lugar pra tomar banho, dormir e SÓ.
E ontem descobri que meu limite de cansaço mental é quando começo a andar de um lado para outro sem saber o que fazer. Acabei num café na Piazza Venezia. Eu devia estar com uma cara tão acabada que ganhei um copo d'água e não me cobraram por sentar no restaurante (geralmente os preços para quem senta no restaurante para comer é mais caro). Essa experiência me levou a duas conclusões: 1) meu limite é mascarado, antes de doer o corpo, a cabeça dá tilt. 2) no ritmo de ontem, vai sobrar tempo em Roma (é mole?!). Piano, Gi, piano...

O MUNDO É UM OVO - 10/08/2008
Definitivamente, o mundo é um ovo. Ontem, acordei cedo para ir ao Vaticano, calça comprida, lenço sobre os ombros para esconder o decote e as alcinhas, como é lei nesse "país". O local é lindo, me senti pequenininha no meio da Piazza San Pietro, a Pietà realmente só falta falar... Da basílica, lógico, ao Museu Vaticano, todo um caminho (incrvelmente lindo, cheio de obras de arte de todos os tipos) até chegar na Capela Sistina.
Ok, até aí, nada diferente da maioria dos turistas. Mas depois da capela, a solidão bateu como nunca, cabeça pifou de vez, e eu desisti, sentei numa cadeira num misto de fome e desespero. Quando, do nada, passa um cara muito parecido com um conhecido meu de Barcelona, um mexicano que viveu em São Paulo. Lógico, to vendo coisa, olhei pro lado e estava uma menina que nunca vi na vida. O tal cara me diz um "hola" contido, respondo em castelhano, e vejo uma outra conhecida mexicana, Surgey, dizendo: "Giselle, eres tu?". Siiiim, o mexicano era mesmo o Hugo, as meninas do lado eram amigas deles, e eles estavam viajando pela Itália. Me abraçam e me convidam pra almoçar, restaurante italiano de verdade, comer lasagna e tal.
SALVARAM MINHA ROMA!!! E o melhor, eles vão daqui para Florença amanhã, exatamente como eu :0 É nesse momento que eu deixo meu diário, e me volto a ouvir pessoas de verdade. Realmente, o mundo é um ovo, se bobear, ovo de codorna :):)
------------
Depois desta feliz "coincidência" (aspas pq não acredito em coincidências), deixei de compartilhar minhas emoções com o caderninho e voltei à vida e às pessoas reais.
Deixo aqui as fotos, e um pouco das memórias dessa experiência :)

Roma, Itália

Beijos e até Florença